Perspectiva de: Cláudia Cassoma
Setembro é celebrado em todo o mundo como o mês da alfabetização, e em Angola esta data deve ser vivida com especial atenção. Alfabetizar não é apenas ensinar alguém a juntar letras, é devolver dignidade, abrir horizontes e permitir que cada cidadão participe de forma plena na vida política, económica e social do país. Uma pessoa alfabetizada tem mais possibilidades de compreender os seus direitos, de aceder a oportunidades de emprego, de cuidar melhor da sua família e de contribuir para a construção de uma Angola mais justa e próspera.
A Constituição da República de Angola reconhece a educação como um direito fundamental e obriga o Estado a criar condições para a sua efectivação. A Lei de Bases do Sistema de Educação estabelece a gratuitidade e a obrigatoriedade do ensino primário, assumindo que nenhuma criança deve ser deixada para trás. Mas, apesar destes avanços legais e institucionais, os índices de analfabetismo continuam a ser um desafio que precisa de soluções corajosas, inovadoras e sustentáveis.
É nesse contexto que surgem organizações e projectos que, com criatividade e resiliência, têm levado a alfabetização a zonas rurais, a comunidades desfavorecidas e a adultos que durante anos ficaram à margem do sistema. A Angola Aprende coloca-se entre as instituições preparadas para responder a este desafio, através da criação de manuais de alfabetização em línguas nacionais e de propostas de programas de educação para adultos adaptados à realidade angolana. Estas soluções, concebidas para respeitar a diversidade cultural e linguística do país, mostram que, quando se aposta em metodologias adequadas, a alfabetização deixa de ser apenas uma meta estatística e passa a ser uma transformação real na vida das pessoas.
A alfabetização deve ser encarada como investimento estratégico e não como custo. Cada adulto alfabetizado torna-se mais produtivo, mais capaz de gerir o seu pequeno negócio, de acompanhar a escolaridade dos filhos e de participar activamente nas decisões da comunidade. Cada criança alfabetizada hoje é um cidadão preparado para os desafios de amanhã. E cada família que supera o ciclo do analfabetismo é uma família que contribui para o fortalecimento da nação.
Neste mês, a Angola Aprende abre espaço para celebrar e homenagear projectos, educadores e comunidades que, de forma muitas vezes silenciosa, têm feito da alfabetização uma ferramenta de libertação. Estas histórias precisam ser contadas, valorizadas e multiplicadas, porque mostram que a transformação é possível mesmo em contextos de grandes limitações.
A alfabetização é um compromisso colectivo. Cabe ao Estado garantir políticas públicas eficazes e financiamento adequado; cabe às organizações da sociedade civil e às comunidades desenvolver iniciativas que cheguem onde o sistema formal não chega; cabe às empresas investir em responsabilidade social educativa; cabe às famílias valorizar a escola como bem essencial. Só assim será possível cumprir o quarto Objectivo de Desenvolvimento Sustentável, que é assegurar educação inclusiva e de qualidade para todos.
Num momento em que Angola busca consolidar a sua democracia, diversificar a economia e reduzir desigualdades, não há investimento mais seguro do que o investimento em alfabetização. Porque cada palavra aprendida é uma porta aberta para a liberdade, para a cidadania e para o futuro.
SETEMBRO
Mês Internacional da Alfabetização
Cláudia Cassoma é educadora, gestora escolar e autora de mais de trinta livros, incluindo obras infantis e paradidácticas. Com um historial profissional que vai de professora de educação especial a directora de escola nos Estados Unidos da América, é fundadora da Angola Aprende e da Fundação Cassoma, iniciativas que promovem inovação pedagógica, valorização dos professores e acesso inclusivo. Formadora certificada e palestrante internacional, tem dedicado a sua carreira a criar oportunidades educativas transformadoras. A sua luta é traçar um caminho claro que vá além da educação especial, rumo a uma educação inclusiva, acessível e de qualidade para todos. Dedica-se a inspirar educadores, estudantes e líderes a acreditarem no poder da educação como instrumento de mudança colectiva.
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